Os primeiros anos da Educação Infantil trazem elementos importantes para o desenvolvimento de habilidades fundamentais para toda a vida, como a leitura e a escrita. Embora as crianças iniciem o processo de aprendizagem com letra bastão, a transição para a letra cursiva não demora muito – e desempenha um papel importante no estímulo às conexões neurais e habilidades motoras.
Sabemos que as crianças começam a ser alfabetizadas ainda na Educação Infantil. As letras e os fonemas, que nos guiam o resto da vida, passam a fazer parte do dia a dia dos pequenos por meio de atividades lúdicas, jogos e brincadeiras.
Com traços simples e linhas retas, a letra bastão – popularmente conhecida como letra de forma – é a primeira a ser trabalhada com os alunos. Escritas isoladamente, elas são mais fáceis de serem identificadas, o que permite que os pequenos consigam focar em uma letra por vez. Como esta é uma fase de descobertas, a preocupação maior é quase sempre com a apresentação, não com a formação de palavras.
Quando os alunos estão um pouco maiores, ou seja, quando já conseguem processar as letras, formar palavras e, principalmente, dominar a pega do lápis, entra em cena a letra cursiva. Cheia de curvas e nuances, como o próprio nome sugere.
A técnica exige mais habilidade motora e um pouco de paciência, já que as crianças podem ter uma maior dificuldade para executá-la, pelo menos no início.
Importância da letra cursiva na Educação Infantil
Você pode não reparar, mas a letra bastão está presente em tudo o que fazemos, dentro e fora do ambiente escolar: na televisão, nos tablets, nas placas da rua, nas capas dos livros e até mesmo em suas páginas internas. Isso significa que as crianças têm contato com a técnica muito antes do processo de alfabetização, criando uma memória visual.
Há, ainda, uma boa parcela da população que prefere a letra bastão à letra cursiva, que é considerada obsoleta por algumas pessoas. Por isso, é cada vez mais raro nos depararmos com a técnica.
Acontece que a escrita em letra cursiva vai muito além de letras bonitas. O domínio da técnica é uma exigência legal e crucial para o desenvolvimento e o processo de aprendizagem como um todo.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), durante o processo de alfabetização o aluno precisa ser capaz de “codificar e decodificar” os fonemas, o que envolve o desenvolvimento de uma consciência fonológica e o conhecimento do alfabeto do português do Brasil em seus vários formatos, que inclui letra imprensa e cursiva, maiúsculas e minúsculas.
Para além da regulamentação, estudos revelam que a letra cursiva gera conexões entre as áreas do cérebro que são responsáveis pela linguagem e por atividades motoras.
A técnica, que exige movimentos delicados, maior concentração e o foco, estimula a memória e a coordenação motora fina. Mais do que isso, ao praticar a escrita e o traçado correto da letra, a criança imprime sua identidade e desenvolve noções de espaço.
Mas, para tanto, é importante oferecer as melhores condições para que o processo seja eficiente e tenha os resultados esperados.
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Como trabalhar a letra cursiva na Educação Infantil?
Alguns estudiosos defendem que as duas formas de escrita devem estar presentes na vida dos alunos desde o início do processo de alfabetização. Afinal, ambas desempenham um papel importante na identificação das letras e, principalmente, da palavra como um todo.
Isso não significa, no entanto, que a criança precisa ser alfabetizada com as duas técnicas. O ideal, na verdade, é que as habilidades e movimentos-chave sejam trabalhados de forma consciente e aos poucos, conforme a idade.
Ou seja, é importante oferecer condições e estimular o corpo a realizar movimentos articulados, como escrever, pular, pintar e desenhar.
Durante os três primeiros anos de vida, por exemplo, as crianças exploram o mundo com as mãos. Assim, atividades como pintura com os dedos ou massinha podem ser grandes aliadas, já que estimulam a criatividade e aumentam a capacidade de força e destreza nos dedos.
O mesmo acontece com os desenhos, que passam a ter linhas e traços à medida que o conhecimento e entendimento sobre o mundo avança – uma prova de que é importante estimular o desenvolvimento de habilidades motoras desde o início.
Quando já dominam o alfabeto e conseguem identificar fonemas e grafemas, por sua vez, as crianças podem começar a trabalhar com pontilhado para aperfeiçoar o movimento das mãos. Porém, a transição da letra cursiva acontece, oficialmente, por volta dos seis ou sete anos, quando as crianças podem se dedicar ao desenho da letra sem ter que se preocupar em construir palavras.
Uma boa dica para garantir uma transição eficiente e respeitosa é apostar no ensino lúdico. Introduzir a letra cursiva por meio de texturas e materiais diferentes, por exemplo, pode tornar o processo muito mais divertido e interessante – reduzindo a frustração e o desgaste com os erros, que certamente acontecerão.
Também pode ser interessante trocar as frases dos já tradicionais livros de caligrafia por cartas e bilhetes para os colegas de classe, tornando a experiência mais real e atrativa.
A escolha dos materiais adequados e das atividades certas tornam muito mais simples o desenvolvimento da habilidade nas crianças.
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